No último dia 18 rolou a 2a edição da Calavera de Azucar, festival de música independente que rola no Centro Cultural Rio Verde. Nessa edição o Bratislava fez a noite com os parceiros do A Fase Rosa, Mão de Oito e Inky, juntamente com Matschulat na discotecagem. A festa foi agitada, mais de 300 pessoas compareceram pra prestigiar as bandas – número que mostra o apoio e o interesse crescente da juventude paulistana pelo cenário da música independente. Muita música boa transbordou do novo teatro do centro cultural na terceira sexta-feira de 2013.
Matschulat |
A noite começou quente com a playlist inusitada do Matschulat, que tocou de Baccara e Bowie a Grandmaster Flash, com toques sutis de synthpops de Los Angeles. O pessoal foi chegando, entrando no clima e descobrindo o novo salão do centro cultural, que parece o interior de um navio do começo do século passado, ornado com escotilhas e detalhes art nouveau. A vibe foi de diversão e sossego, um clima gostoso de começo de festa.
Mão de Oito |
A primeira banda da noite foi a Mão de Oito, que abriu o festival como o sol abre uma manhã gostosa no parque. O rock leve e despretensioso da banda cativa desde a primeira canção, e a experiência dos músicos garante um sonoridade no show muito próxima à do disco, inclusive com os metais eletrônicos disparados pelo Careca, percussionista da banda. O destaque do show é a deliciosa Acorda, uma das faixas de trabalho da banda – trata-se de um pop-rock-axé que lembra as cores de Livro, do Caetano, super levinha e gostosa.
A Fase Rosa |
Na sequência, A Fase Rosa subiu ao palco pra mostrar sua explosão de brasilidade e o clima da festa mudou da "manhã ensolarada no parque" pra uma tarde de folia e carnaval na rua. A banda mineira explora ritmos brasileiros e latinos com harmonias bem trabalhadas e vozes suaves – uma mistura que faz a gente lembrar sonoridades que vão de Chico Buarque a Hurtmold, ainda com boas doses de psicodelia nas guitarras. Relativamente nova, a banda está pra lançar seu primeiro disco cheio, mas já transborda talento e maturidade em sua apresentação.
Bratislava |
O Bratislava foi a terceira apresentação da noite, quarto show da saga Carne, lançado em novembro do ano passado. Tocamos faixas do novo disco, assim como algumas do EP Longe do Sono, e o clima da festa foi mudando do carnaval de rua pra um crepúsculo um pouco mais denso. Vimos muitos amigos nossos na platéia, o que sempre nos dá muita energia positiva.
Inky |
Finalmente, o Inky entrou em cena, transformando o dia em noite com seus future sounds. Logo, o clima da festa se deslocaria, adquirindo traços de um cenário lúgubre e hipnótico, como uma rave sob um viaduto num bairro ermo de Londres ou São Francisco. Muito baseadas em sintetizadores e arpeggiators, as faixas monotemáticas se desenrolam explorando nuances de intensidade e movimento. A banda soa como um tipo de eletrorock industrial, característica que faz com que eles sejam uma banda muito singular e rara no Brasil.
Nos acréscimos, Matschulat retornou com um som eletrônico mais forte e pesado, de pura contemplação de timbres e beats intensos pra transformar os últimos moicanos em caveiras de açucar derretido. A segunda edição do Calavera de Azucar terminou com um forte gostinho de quero mais. Quem sabe ela não vira uma festa semestral?
Bratislava, under red scales |
Fotos feitas pela Tamara Serantes. Mais fotos do evento aqui.
Ficha técnica do evento:
Ideia, organização, produção e divulgação: Victor Meira
Assistência e coordenação: Gabriel Ramos
Bandas e músicos da 2a edição: Bratislava, A Fase Rosa, Mão de Oito, Inky e Matschulat
Data/local: 18 de janeiro de 2013, no Centro Cultural Rio Verde
Público: 300 pessoas
Fotos: Tamara Serantes e Tomás Arthuzzi