Ave morta na calçada

Isaque saiu do ônibus com os olhos embaçando de sono, piscando incessantemente pra combater o incômodo. Lembrou do sentimento que o pegara ao acordar. Precisou de sete sonecas até conseguir levantar, e a cada toque do despertador ele saia do poço de um sonho de nove minutos. Tomou um banho estressado, imerso numa torrente confusa de imagens e desejou ter uma manhã tranquila, um banho tranquilo, ensaboar-se com pouquíssimos pensamentos, sentir o sol nascer dentro de si. Mas sentia a lua ainda presa por uma cinta ao seu tórax, puxando-o para o fundo de um oceano índico. Então rememorou todos os sonhos que tivera.